Tenho contato com zines desde a metade dos anos 80 do século passado. Colaboro com eles desde 87, comecei a publicar no underground estrangeiro desde 89, nos anos 90, colaborei com a Rock Brigade fazendo HQs baseadas em letras de músicas de heavy metal, colaborei com zines, revistas, jornais alternativos, capas de demo-tapes encartes de CDs e mais um monte de atividades. Recentemente, participei de alguns zines alemães e voltamos a aparecer em zines daqui do sul e tal... Em breve, a UGRA PRESS estará disponibilizando uma coletânea de HQS minhas feitas entre 93 e 2005, além de alguns outros projetos para o pr´poximo ano..
O DESENHO QUE GANHEI DO ENTREVISTADO! |
TODA MÚSICA- QUANTO TEMPO DE ARTE (DESENHOS)?
Henry: Eu desenho desde que aprendi a segurar um lápis... E em fevereiro, completarei 48... É uma longa estrada de rabiscagens!!
TODA MÚSICA- PENSOU ALGUMA VEZ EM DESISTIR?
Henry: Na verdade, a gente não PODE desistir... A gente às vezes dá um tempo, para reciclar as idéias, dar uma respirada e tal. Mas, a gente SEMPRE acaba retornando aos desenhos, aos quadrinhos e tal. Esses últimos, talvez mais lentamente, porque é um processo bem mais detalhado do que uma ilustração avulsa de uma só página. São várias dessas, em seqüência, ao longo de várias paginas... Logo, é natural que demore mais... Mas, é difícil de desistir – já que é, entre outras coisas, a mais perfeita válvula de escape que a gente tem...
TODA MÚSICA-como faz tempo que estou sem contato.... Se vc tem filhos e se eles também desenham...?
Henry: Dois filhos, de 21 e 16 – desenham razoavelmente. O mais velho, optou pela música, escreve excelentes letras e já teve banda, etc e tal. O mais moço tem uma grande habilidade para mecânica – embora, quando quer , até desenha umas coisas bem interessantes.
TODA MÚSICA: Quem dos quadrinistas (é assim que se escreve) vc admira?
Henry: Diversos... Se for listar todos, a coisa vai longe. De um modo geral, prefiro mais os estilos da galera da Europa, HQs mais autorais, detalhadas e com muita personalidade. Dos norte-americanos, acho que só os clássicos, pois atualmente, o mercado - especialmente de super-heróis – está um pouco congestionado, com muita gente desenhando em estilos semelhantes, visando um produto específico... E eu já prefiro ver os desenhistas que se destacam por serem DIFERENTES do restante...
TODA MÚSICA- Uma banda?
Henry: INÙMERAS hahahahahah – mas, vá lá, o clássico dos clássicos: Motörhead!
TODA MÚSICA- Uma música?
Henry: Quase tudo de Motörhead. Talvez “Dancing On Your Grave”, que é do primeiro LP deles que eu comprei (Another Perfect Day)
TODA MÚSICA- O que te inspira?
Henry: Pode ser qualquer coisa – você nunca sabe de onde uma idéia pode surgir... Bem relativo isso de “inspirar”. Pode ser um som, algo que você leu... Tudo depende
TODA MÚSICA- Como é seu processo criativo?
Henry: Basicamente, cato uma meia dúzia de CDs, estilos variados, sento lá na prancheta, fone de ouvidos, e vou fazendo alguma coisa, pra esquentar, rabiscando mesmo... Aí, conforme for, se eu já tiver uma idéia formada logo de início, é só seguir dando forma... Ou então, esperar algo mais definido durante o processo de rabiscar e tal. Quando é HQ, vou lendo o texto a ser ilustrado e pensando no que aquilo sugere, como encaixar uma seqüência, essas coisas... Nada muito complicado, ou pelo menos, é o que eu acho... Tipo no que baseia seus traços? Em geral, naquilo que eu acho legal – aquilo que eu acho que fica bem no desenho. Sempre me interessei muito por desenho, então, fui observando diversos tipos de desenhistas, tentando decifrar o “jeitinho” nos traços e aprender a fazer por mim mesmo. A técnica é começar com lápis, definir mais ou menos... Colocar uns detalhes e depois passar nanquim – em geral, com canetas recarregáveis (antigamente muito usadas por engenheiros e tal) de várias espessuras no traço, para colocar os detalhes menores, por exemplo. Então, é só preencher com detalhes no acabamento, até chegar no resultado que você pretendia. Aí, varia de cada um, de qual aspecto você deseja dar ao desenho, mais limpo, mais carregado e tal. É como desenhar um zumbi e um fantasma, por exemplo. O fantasma precisa de traços mais finos e pouquíssimo trabalho, para ser praticamente transparente – por assim dizer. Já o Zumbi, é roupa rasgada, aparência putrefata, sujeira, manchas de sangue e outras bagaceiras, muito mais detalhes pra desenhar.
TODA MÚSICA- agora uma pergunta de uma amiga em comum: Lorena Dallara como vc encara esse reencontro virtual com antigos amigos de tempos de cartas, e dessa revitalização também virtual dos quadrinhos.... e se acredita possa acontecer uma troca de materiais via cartas
Henry: É muito legal você poder reencontrar esse pessoal que fez parte da tua vida num determinado período – aliás, todos os correspondentes daquela época fizeram parte das vidas uns dos outros, né? - e ver como estão às coisas hoje em dia. A maioria está bem mais tranqüila hehehehe – mas, continua o mesmo espírito daquela época, a mesma camaradagem e tal. Em 2012 fomos à Porto Alegre e encontramos pessoalmente vários correspondentes daquela época, e também o pessoal que conhecíamos através de redes sociais e tal. Agora em 2013 fomos pra lá novamente, e apareceu AINDA mais gente – é muito legal MESMO você poder trocar idéias pessoalmente. Quanto a trocar materiais, olha, desde 2010 quando comecei a freqüentar redes sociais e tal, tenho trocado originais com uma porção de gente, ex-fanzineiros, antigos correspondentes, amigos, em geral... E tudo pelo correio. Recebo várias coisas também, e curto muito receber correspondências – sempre é “outra coisa” você ter o material em mãos do que vê-lo numa tela, não é mesmo? Quanto a quadrinhos virtuais, é legal para você conhecer amostras de trabalhos e tal. Mas, para LER, ao menos pra mim, só o impresso mesmo. Desde sempre, cheiro da tinta de impressão é um prazer especial!
TODA MÚSICA- Suas considerações finais!
HENRY: Valeu pela entrevista, por ceder um pouco de seu tempo para se interessar em me perguntar algumas coisas, por ceder espaço para minhas idéias e meus desenhos.
6 comentários:
Concordo plenamente com o Henry não podemos desistir Nunca... A cabeça pode não aguentar se você parar!
ótimo saber um pouco mais sobre o Lendário Henry Jaepelt dono de personalidade e traços marcantes e que tenho o prazer e a honra de poder chamar de amigo!
Muito obrigado Veloso ,por seu comentário!
Dois ''cabras legais" que conheci através do Facebook Juvêncio Veloso e por meio dele o mestre Henry Jaepelt, uma pessoa de muito bom gosto e um artista excepcional! Um dia ainda nos conheceremos pessoalmente o que será um grande prazer pra mim!
Henry é um mestre!
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