Lollapalooza 2014, sob meu olhar
#fuisozinhaedeutudocerto
Parte II
Por Cris Liris
Meus sonhos, os que eu lembro pelo menos, são seguidos com muita música.
Então, como não escrever mais, sobre toda a música que me consome!?
Retornando ao confortável sofá na Rua Santo Antonio, Bela Vista/SP, a cabeça se fundia, num misto de vários sons que encranharam na mente, cenas e todo aquele calor, euforia, exultação do sábado, pós festival e uma última passada pela madrugada nos arredores da Rua Augusta.
Nem bem eram 9h de domingo, um tantão de mensagens do whatsapp chegando...o grupo no whats de pessoas que conheci e outras não, informando, horários, transportes, shows e afins do Lolla e isso facilitou muito a comunicação, até por que muitos deles, não consegui encontrar.
Saltei do enorme sofá, juntei minhas coisas e para não acordar meus anfitriões, sai pé por pé, pianinho!
Eu ainda tinha mais, mais , mais!
Embarco em um táxi e mais uma das coisas lindas que me marcaram essa viagem musicalmente aventureira: o taxista, grisalho, calmo e gentil, que atendia pelo nome de Wallter ouve durante o trajeto até o hostel nada mais que Ária na corda de Sol, na adaptacão para orquestra de Johann Sebastian Bach.
Lição: A música transcende, eleva e unifica aos que a compreendem com o coração e a praticam com sabedoria.
Chegando ao Guest 607, encontro um belo café da manhã...Fomeeee!
Banho tomado, correria para almoçar e responder as mensagens, das duas que seriam as minhas parceiras até o fim dessa maratona.
Entram em cena, Karyn Mattos (Jaraguá do Sul) que vinha de Congonhas e Marcela Guther (Joinville) que já estava na capital paulista.
Elas não se conheciam. Mal sabiam elas, que seríamos uma bela equipe naquele domingo de sol! Ainda bem que confiaram em mim... rssss
Nosso ponto de encontro, Estação Pinheiros às 14h, rumo a Interlagos.
Mais um taxista entra na história Sr. Geraldo (sim, fiz questão de saber o nome dos taxistas com os quais embarquei rsss), foi mais que um pai, e para não me deixar longe da estação, fez um trajeto que custou o dobro do valor que ele deveria me cobrar pelo taxímetro e, de bônus, ganhei sua benção e assim fui mesmo, muito abençoada!
Já na Estação Pinheiros, antes de fazer a travessia para pegar o trem até Interlagos, encontro Marcela! Foi uma euforia!! Como é bom ter alguém querido por perto.
Depois, Karyn, que já estava passos adiante. O trio estava formado. Viagem tranquila, muitas risadas e a ansiedade pra chegar ao segundo dia de Lollapalooza, afinal veria naquele dia a banda que aguardei 17 anos: PIXIES!
Chegamos saltitantes ao final de Ellie Goulding, uma das atrações que Karyn quis muito ver...já que eu e Marcela perdemos Johnny Marr. O combinado era curtirmos juntas!
Corremos para ver Savages, com olhos e ouvidos curiosos...
Enquanto isso, Whatsapp e SMS chegavam atrasadas...mais uma vez,
peço desculpas à Marjorie, Felipe, Jazz, Nathalia , Luiz, Carol e Fernanda, sabem o quanto eu, que foi impossível reunir todos!
A caminho do Palco Interlagos, ao encontro da Savages, encontramos Kelson e Joy e foi muito rápido! O mais próximo de estarmos com quem é de casa!
Agora, aqui, confiram sob as palavras de Marcela,que descreveu como ninguém, o show da Savages:
Por Marcela Güther
"Um orgasmo pós-punk. Quem viu o show das Savages no segundo dia do Lollapalooza, presenciou uma das bandas mais promissoras do line up do festival fazer o público enlouquecer. As quatro garotas de Londres alucinaram os ouvidos de todos ao apresentar, em um show incrivelmente estrondoso, provocativo e sexy, o álbum "Silent Yourself", lançado no início de 2013. Vestidas de preto, elas mostraram que o calor faz parte de seus espíritos, principalmente quando entoado pela voz da cantora Jehnny Beth na canção "Hit me". Durante a execução da música, Jehnny foi, de um extremo a outro do palco, encarar a multidão (que poderia ser bem maior, convenhamos), apontar o dedo para o mar de gente e, ainda, lançar um sorriso de deboche ou pura desgustação enquanto diz: "You must put me on my knees like a dirty little dog!".
Jehnny faz da música uma sedução e, de maneira selvagem, flerta com os ouvintes. Gemma Thompson, com a sua guitarra, promove um barulho ecoante (fucking noise!) e ensurdecedor que, acompanhado da batida crua, forte e precisa de Fay Milton na bateria e do baixo de Ayse Hassan (um pedaço de seu corpo, a meu ver), detonam corações, quebram corpos ao provocar movimentos convulsionados e fazem renascer a esperança de assistir, em um festival onde o que é pop e o que já foi pop está em vigor, a chama do rock aparecer.
O renascimento da tal chama aconteceu dentro do útero do quarteto londrino que se divertiu, brincou e suou no palco Interlagos. Em outras palavras, as Savages fizeram o inferno oitentista encontrar a superfície terrestre.
Dizem que as garotas do Savages são o Joy Division de saias. Mas saias é o que elas menos usam. Creio que a semelhança entre os dois grupos, além das questões técnicas musicais, é o simples fato de que elas possuem uma alma. Latente."
Ouça "Shut up"